EUA contra anexação<br>da Cisjordânia

Os Estados Unidos advertiram Israel que a anexação da Cisjordânia desencadearia uma «crise imediata» com a administração do presidente Donald Trump, afirmou esta segunda-feira, 6, o ministro da Defesa israelita, Avigdor Liebermanm, citado pela Lusa.

«Recebemos uma mensagem directa muito clara por parte dos Estados Unidos, segundo a qual aplicar a legislação israelita à Judeia-Samaria [nome dado por Israel à Cisjordânia, ocupada desde 1967] provocaria uma crise imediata com a nova administração» disse o ministro israelita intervindo numa comissão parlamentar.

Liebermanm respondia assim às recentes declarações do deputado Miki Zohar do partido de direita Likud (a força política do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu), que no domingo afirmou a um canal de televisão que a «solução de dois estados (israelita e palestiniano) está morta». Para o deputado do Likud restaria assim «apenas uma opção: um único Estado no qual os palestinianos teriam todos os direitos, excepto o direito de votar no Knesset [o parlamento]».

Para além da necessidade de evitar uma eventual crise com os EUA, Liebermanm, que lidera o partido nacionalista Yisrael Beytenu e integra a actual coligação governamental, considera que a anexação da Cisjordânia seria uma opção muito cara para Israel.

«Desde o primeiro dia, Israel será obrigado a pagar 20 mil milhões de shekels [4,9 mil milhões de euros] para direitos sociais, subsídios de desemprego, licenças de maternidade de 2,7 milhões de palestinianos», anteviu o ministro da Defesa israelita, pedindo aos deputados que «sejam responsáveis e evitem uma crise com os Estados Unidos e o desembolso de tal quantia».

A informação agora divulgada por Avigdor Liebermanm contraria a aparente mudança, sob a administração Trump, da diplomacia norte-americana relativamente à criação de um Estado palestiniano para alcançar a paz no Médio Oriente. Não deixa no entanto de ser significativo que a apreciação de um projecto de lei a defender a anexação da Cisjordânia, que chegou a constar na agenda do conselho de ministros de domingo passado, tenha sido adiada sem novo agendamento.

 



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